Corais podem salvar a vida no planeta e nós precisamos urgentemente falar sobre isso
Entenda como essa estrutura viva, que além de berço da biodiversidade é matéria prima para a medicamentos, poderá deixar de existir
Por: Maria Fernanda Melo e Suzane Chagas
Atualmente, somos absorvidos pela vida cotidiana de forma a manter um distanciamento de tudo aquilo que é “natural”. Porém, esse comportamento nocivo pode ser razão da extinção humana. Os mistérios dos mares há muito intrigam a humanidade, que busca compreender seus mistérios. Grandes formações coloridas no meio dos oceanos chamaram atenção, e se tornaram objeto de estudo da comunidade científica ao longo da história. Nomeadas por “corais”, não há muito tempo foi descoberto que se tratavam de seres vivos.
Os corais são estruturas rochosas formadas por calcário e comportam diversas funções da biodiversidade, como fornecer refúgio, ser fonte de alimento, criação e desova de seres aquáticos. Suas propriedades também tocam diretamente a vida humana, já que sua estrutura subaquática cria uma barreira natural para conter o avanço dos oceanos. E, ainda, é utilizado como matéria prima na indústria farmacêutica, e sua aplicação vem sendo estudada até mesmo para o tratamento de doenças de imunodeficiência, como o HIV.
Mas, o caldo engrossou para o lado dos corais com o aquecimento global, que pode ocasionar a sua completa extinção. A morte dessas estruturas é conhecida como ‘branqueamento de corais’, pois através da perda de sua pigmentação é identificada sua falta de vida. O principal motivo da morte dos corais tem sido o aumento de temperatura nos oceanos.
Em 2020, a Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (Global Coral Reef Monitoring Network) publicou um relatório que explica que, nos últimos anos, ocorreu um branqueamento em massa dos corais. “O evento de branqueamento de corais de 1998 matou aproximadamente 8% da população mundial dos corais. […] Isso representa mais do que a quantidade total de corais vivos em qualquer um das regiões do Caribe, Mar Vermelho e Golfo de Aden. […]”, afirma o estudo.
Medidas além do combate ao aquecimento global vêm sendo desenvolvidas ao redor do globo para garantir a preservação dessas estruturas marinhas que também abrigam peixes que alimentam mais de meio bilhão de pessoas ao redor do mundo.
Tecnologia 3D e a reconstrução de ambientes recifais brasileiros
A Biofábrica de Corais, startup pernambucana que teve início em 2017 como um projeto ambiental, tem como objetivo preservar e reconstruir recifes. “Nossas atividades pilotos acontecem em Porto de Galinhas, mas esperamos, em breve, expandir para outras regiões”, explica Thalita.
Rudã Fernandes, engenheiro de pesca e CEO da startup, explica como funciona esse processo de reconstrução dos recifais. “Tudo se inicia na obtenção dos fragmentos. Depois, os corais são cultivados em berçários, e, quando estão saudáveis e crescidos, eles são transportados para pedras ou superfícies que podemos movimentar facilmente.”
Esses pequenos corais permanecem em superfícies e são monitorados até formarem populações ou colônias que estejam incorporadas ao ambiente. A tecnologia 3D é utilizada no “berço” dos corais. O formato de cada um é produzido de acordo com a espécie existente no ecossistema em questão.
Nos aspectos socioambientais, a iniciativa é multidisciplinar e integraliza a comunidade, os operadores de turismo e os moradores da região,. Além de apresentar aos turistas a perspectiva de preservação e reconstrução dos sistemas coralíneos.
Projeto de divulgação científica #Deolhonoscorais da UFRN
O projeto De Olhos nos corais é coordenado pelo professor Guilherme Ortigara Longo, do Departamento de Oceanografia e Limnologia (DOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que busca promover – por meio das redes sociais – a divulgação científica, assim como compreender, dentro do laboratório, os principais impactos das mudanças climáticas sobres os recifes de corais brasileiros.
A ideia do projeto é que os usuários contribuam de maneira online para o projeto postando fotos com a hashtag #DeOlhoNosCorais e marcando o projeto no Instagram. Dessa forma, a equipe do Laboratório de Ecologia Marinha (Lecom), poderá obter informações sobre a saúde dos recifes em várias regiões, podendo mapear e analisar sua saúde a longas distâncias.