Aumento da fome é alarmante, enquanto bilionários dobram riquezas

por , publicado em 30.abr.22

As desigualdades sociais e econômicas têm matado uma pessoa a cada quatro segundos em todo o mundo

 

Por: Jordana Vieira

 

Desigualdade social na pandemia escancara a fome no Brasil
Crédito: Reprodução/Agência Brasil

A partir de programas criados para combater a insegurança alimentar, como o Fome Zero e o Bolsa Família, implementados durante o governo Lula (PT), em 2003, o Brasil saiu do Mapa da Fome no ano de 2014. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Bolsa Família chegou a reduzir a pobreza em 15% e a extrema pobreza em 25% em uma década e meia. 

O Fome Zero, considerado um dos programas de reforço à segurança alimentar mais funcionais do planeta, era sustentado por quatro elementos principais: a disponibilidade de alimentos, o acesso a eles, a estabilidade e a qualidade da comida. 

Esse cenário mudou em 2018, quando o país voltou ao Mapa da Fome. Nos anos de 2020 e 2021, esse cenário foi intensificado ainda mais. Atualmente, é comum ver famílias que não tem condição financeira para comprar carnes ou alimentos em geral, vasculhando caçambas e frigoríficos em busca de ossadas e partes descartadas de animais para comer. Além disso, foi observado no interior do Rio Grande do Norte famílias em situação de pobreza  extrema, alimentando-se de lagartos e restos de carnes.

Caminhão com ossos e restos de carne no Rio de Janeiro
Crédito: Reprodução / Domingos Peixoto

O agravamento da fome é atribuído, dentre outros fatores, à pandemia de covid-19, que se iniciou em março de 2020 e evidenciou os problemas sociais e econômicos já existentes antes dela, em todo o mundo. Dados do IBGE apontam que a população brasileira ultrapassa 218 milhões de pessoas, e, destas, 122,2 milhões moram em lares com alguma insegurança alimentar.

No Brasil, ainda é possível relacionar esse aumento da miséria e da fome ao desmonte direto por parte do governo Bolsonaro a políticas públicas de combate à insegurança alimentar, fomentadas em anos anteriores. Além disso, ao aumento da inflação sobre o preço dos alimentos, que subiram 21,4% desde o início da pandemia, e, sobretudo, ao modo de produção capitalista, que visa o lucro e a acumulação de riqueza dos poucos mais ricos em detrimento da garantia da alimentação básica da maior parte da população.

Em contraste a esse cenário, é observado um aumento na produção de commodities e produtos alimentícios, que atualmente é a maior da história. E ainda, o aumento desenfreado de fortunas de bilionários em todo o mundo. De acordo com dados do relatório da Oxfam, “A Desigualdade Mata”, um novo bilionário surgiu a cada 26 horas durante a pandemia e os 10 homens mais ricos do mundo dobraram suas fortunas. O aumento nesse período foi maior do que nos últimos 14 anos.

Infográfico com a representação dos ricos no Brasil

Contrastes sociais: Enquanto uns passam fome, os ricos duplicam sua fortuna

 

No Brasil, desde março de 2020, surgiram 10 novos bilionários e o aumento de suas riquezas foi de 30% (US$ 39,6 bilhões), enquanto 90% da população teve uma redução de 0,2%. Ou seja, os 20 bilionários do país têm mais riqueza do que 60% da população brasileira.

Ainda de acordo com o relatório da Oxfam, 21 mil pessoas morrem por dia em todo o mundo devido à desigualdade social e econômica que foi não somente exposta, mas também intensificada a níveis alarmantes durante a pandemia de Covid-19. 

Infográfico sobre a desigualdade social

A desigualdade mata uma pessoa a cada quatro segundos e todo o mundo. de acordo com Relatório da Oxfam

 

É possível que esse ano seja pior para a população brasileira, já que as autoridades civis não fazem nada que garanta as necessidades básicas para a população em situação mais vulnerável, como emprego, moradia, saúde e alimentação.