Panorama cultural: como a pandemia abalou o setor de eventos e quais medidas tomar?
Muitas mudanças são necessárias devido à insegurança sanitária causada pelo aumento de casos de síndrome gripal e covid-19
Por: Friedda Lopes, Toni Lucas, Rangel Pontes e Victoria Alves
Nos últimos meses, muitos eventos ligaram o alerta. Alguns deles precisaram adiar sua realização, como aconteceu com o Festival DoSol, que precisou mudar suas atividades para abril de 2022. O evento seria realizado em janeiro, nos dias 15 e 22, porém, após a instabilidade ocasionada pelo aumento de casos de coronavírus e influenza, as novas datas escolhidas para a realização foram os dias 10 e 23 de abril.
Para Verônica Michelle, produtora cultural, os eventos culturais são muito importantes para a vivência humana. “Os eventos de forma geral, eles unem culturas, unem as pessoas, além de gerar muitos empregos”, afirma. Ela ressalta também que “A Covid-19 atrapalhou muito o acontecimento desses eventos ao longo desses dois anos, e, com certeza, foi necessário banir os eventos, para que os casos dessa doença não aumentasse. Porém nossa classe foi muito prejudicada, pessoas tiveram que vender seus materiais de trabalho e até fechar suas empresas, porque não conseguiram segurar por muito tempo”, lamenta.
Verônica assegura ainda que não é só questão do adiamento e cancelamento dos eventos, mas dos sonhos adiados. “Histórias que não conseguiram ser contadas, pessoas que não conseguiram se reunir, experiências que não foram vividas, quantas pessoas perderam seus parentes e pessoas queridas que não puderam estar presentes em momentos especiais. Os eventos unem as pessoas e as tornam mais felizes”, exclama a produtora.
Na busca por inovação e para driblar o momento pandêmico, muitos eventos fizeram como o Burburinho Festival de Artes, que teve sua realização de forma online. O evento trouxe em 2021 sua 5ª edição, de maneira segura e acessível, disponibilizando a exibição no Youtube.
Veja abaixo algumas das mudanças que foram necessárias durante a pandemia:
Caos após festas de fim de ano
Após as festas de fim de ano, o número de infecções pela Covid-19 cresceu em 18 estados do Brasil, incluindo o Rio Grande do Norte. Na primeira semana de 2022, entre os dias 1 e 7 de janeiro, a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap/RN) contabilizou 710 casos notificados e confirmados a mais do que o mesmo período de dezembro, cujo total foi 587. O acréscimo representa uma alta de 120,9% e é possível que esse aumento também tenha relação direta com uma terceira onda da covid-19, vivida no RN e em outros estados, em especial com a chegada da variante Ômicron.
Segundo especialistas, uma das razões para o aumento foi justamente a época de confraternizações. A população, que já estava cansada de praticamente dois anos de restrições, tentou retomar aspectos de normalidade da vida anterior à Covid-19 e reencontrar amigos e familiares, o que embalou o contágio.
Em paralelo ao avanço da Covid-19, os surtos de gripe causados pelo vírus influenza, a H3N2, se espalham pelo País. A quantidade de casos gripais acima da média lotou os principais centros de atendimento em Natal. Os especialistas relacionam a alta de casos à baixa cobertura da vacina contra a gripe este ano, por causa da pandemia do coronavírus.
A meta da vacinação no Rio Grande do Norte é de 90% da população-alvo, formada por 1.295.751 pessoas. Até agora, foram vacinadas 80% delas, segundo a plataforma RN + Vacina.
Dois anos sem a tradicional festa de carnaval no Brasil
A tradicional festa dos meses de fevereiro e março no Brasil, o carnaval, não acontecerá mais uma vez por causa da Covid-19 e da influenza A, a H3N2. O evento, que reúne diversas pessoas nos carnavais de ruas e blocos, foi cancelado em 19 capitais do Brasil das 27 do país.
No Rio Grande do Norte, pelo menos 14 cidades do estado cancelaram o evento. Os tradicionais pontos do estado que são reconhecidos pelo agito no carnaval, como Pirangi, Macau e Areia Branca também cancelaram a folia. Além das tradicionais folias nas 3 cidades, outras 11 cidades do estado também decidiram pelo cancelamento da festa.
Os desfiles das escolas de samba que, geralmente, acontecem na Ribeira em Natal também não vão ocorrer no ano de 2022. Segundo a diretora cultural da Liga das Escolas de Samba do Rio Grande do Norte, Larissa Lira, as escolas de samba pretendem fazer eventos menores, nas próprias comunidades, com lançamento de enredos e apresentações e seguindo todos os protocolos sanitários. Nove escolas não desfilarão em 2022.
Entretanto, a Liga das Escolas de Samba de Natal, onde reúne uma média de 600 integrantes, já esquematizou uma programação para o dia 27 de fevereiro até o dia 5 de março. Mesmo diante das restrições, o intuito não é fechar completamente os barracões, mas sim realizar o evento de forma privada ou virtual.
No segundo ano de não realização do evento, o presidente da Escola de Samba Águia Dourada, campeã de 2020, Francisco Canindé, relatou que a instituição sofreu impactos financeiros nos últimos dois anos e em 2021, principalmente, devido ter investido o valor do prêmio para o carnaval de 2021, mas que ainda com a pandemia também não foi possível a realização do desfile. Além de ter perdido membros importantes da escola de samba para a COVID-19.
Covid-19 em alta
O país vem registrando um aumento frequente em casos da Covid-19, tendo chegado a bater um novo recorde na última terça (18). Segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa, o país registrou 132.254 novos casos no Brasil. Esse número supera o recorde anterior, 125.053, registrado no dia 18 de setembro de 2021.
O aumento de casos da doença tem feito com que as autoridades voltem a tomar medidas mais rígidas para conter o avanço do vírus. O Governo do Rio Grande do Norte, por exemplo, emitiu um novo decreto que passa a valer na sexta (21), onde determina que todos estabelecimentos fechados e aqueles abertos que suportem mais de 100 pessoas passem a exigir que os clientes apresentem passaporte vacinal que comprove que eles estejam com a vacinação completa contra a Covid. Além disso, o governo também recomendou que eventos públicos sejam suspensos pelos próximos 30 dias – até 16 de fevereiro.