Educação: Como os cortes na educação impactam na vida de estudantes da UFRN
Entre 2015 e 2021, houve 60% de queda nesses valores, segundo a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino (Andifes)
Os cortes na educação começaram em 2015, e desde lá, houve uma redução de 60% das verbas, segundo a Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino (Andifes). No final de maio, o governo anunciou um corte da ordem de R$ 3,2 bilhões nas verbas do Ministério da Educação (MEC). O montante implica cerca de 14,5% das verbas discricionárias da pasta e das instituições federais, que abocanhavam mais de R$ 22 bilhões. A gestão tem colocado a questão sob impasse: no início de junho, desbloqueou 7% do valor, mas logo depois, em 9 de junho, transferiu 3% dos recursos para outras áreas da gestão.
A corrupção no Ministério da Educação (MEC) também é um ponto de preocupação no segmento. Por conta disso, figura na lista de demandas a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MEC. A ideia do colegiado é apurar o escândalo dos pastores envolvidos em propinas e liberação de verbas da pasta, um dos maiores do governo Bolsonaro até agora.
O requerimento para criação da CPI foi apresentado por mais de 30 parlamentares ao Senado na última terça (28), mas aguarda despacho oficial do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para que a comissão seja instalada.
Diretor de Desenvolvimento da Rede Federal da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, Kedson Lima disse que o orçamento da educação cresceu em 2022 em relação a 2021, mesmo com os cortes. Ele garantiu que o MEC fez grande esforço junto à área econômica do governo para aumentar o orçamento e garantir a sustentabilidade das instituições de ensino superior.
Dentro as universidades, reitores chegaram a declarar que o funcionamento até o final de 2022 estaria comprometido. Auxílios estudantis estão sendo pagos com atraso e nas estrutura das universidades é possível notar o reflexo do corte de verbas. Em entrevista para o Jormais, o estudante do 6° período de Jornalismo, Isaac Oliveira, disse que vê os cortes como uma das diversas formas de atentado contra a educação pública e retira a autonomia da educação. “Os ambientes de convivência não são tanto mais de convivência e se tornaram um pouco até insalubres e isso afasta os estudantes da vivência dentro da universidade. A pandemia acelerou esse processo de desmonte e não sabemos até quando e quando isso irá melhorar“.
Isaac relata também, que oportunidades fora da universidade fizeram com que o seu rendimento acadêmico e desenvolvimento profissional fosse melhorado, o que deveria acontecer dentro da universidade.
O Ministério da Educação (MEC) prevê para o ano de 2023 um orçamento com R$ 300 milhões a menos em relação este ano para os institutos federais. Reitores afirmam que os cortes de verba têm aumentado nos últimos seis anos. Foi realizada uma reunião em julho de 2022, com reitores e deputados para discutir sobre o assunto.
Uma considerável parcela de alunos das universidades públicas, é formada por alunos de classe C e D e os cortes ameaçam as bolsas de permanência, que tem sido a alternativa para auxiliar esses alunos a não desistirem da formação acadêmica.
Movimentos estudantis também tem se organizado para o combate ao desmonte das universidades e buscado formas de o acesso à educação não se torne cada vez mais um privilégio.