Conheça quatro bots para combater a desinformação em processos eleitorais e na política
No Twitter ou WhatsApp, os robozinhos podem ser ferramentas importantes – e do bem – na corrida eleitoral
Yuri Gomes e Bruna Torres
Foto: Freepik/ Rawpixel.com
Um bot é um programa de internet que simula um dos comportamentos mais distintivos dos seres humanos: a comunicação. Hoje em dia é quase impossível usar redes sociais, consumir bens e serviços e não se deparar com algum robô. Tem bot pra tudo: vendas, automação de tarefas, atendimento.
Na última campanha presidencial, o uso de perfis falsos nas redes sociais, que se passam por apoiadores de um determinado candidato para inflar sua audiência virtual ou disseminar fake news, foi trazido à tona.
Atualmente, mais da metade das publicações favoráveis ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PL-RJ), são feitas por robôs, como mostra o levantamento de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FespSP).
Os chamados bots do bem podem ser configurados para melhorar o debate público nas plataformas ou então frear a desinformação, afirma Liz Nóbrega, jornalista especialista em desinformação, checagem de fatos e plataformas digitais do *desinformante. Para ela, as soluções de inteligência artificial têm um grande poder de frear a desinformação: “um conteúdo que já foi checado, um bot pode ir lá e bloquear, denunciar aquele conteúdo.
Além disso, a jornalista afirma que vêm sendo desenvolvidas novas formas de programar bots e inteligências artificiais para identificar fake news e outros conteúdos maliciosos por meio da linguagem e outras características padrões. “É algo ainda incipiente, mas que é importante para se estabelecer as linhas gerais, os mecanismos de linguagem, que a desinformação utiliza para viralizar e enganar nas redes sociais”, diz.
Apesar da má fama, os robozinhos podem ser ferramentas importantes – e do bem – na corrida eleitoral. Podem disseminar e checar informações de difícil acesso no calor da campanha, ajudando a desconstruir narrativas falsas. A seguir, conheça alguns desses robôs.
Fátima – Aos Fatos | Valorize o que é real
A Fátima é um bot checador do Aos Fatos. Disponível no disponível no WhatsApp e no Messenger, a chatbot envia notícias e conteúdos verificados pela redação da agência, e suas funções variam de aplicativo para aplicativo, como receber sugestões de checagem e ensinar a checar. No entanto, é importante lembrar que o robô não checa os fatos enviados pelos usuários de maneira automática.
Chatbot: Tira-Dúvidas do TSE
Em razão das eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) lançou o Tira-Dúvidas no WhatsApp, um bot desenhado para combater a desinformação e aproximar o público da instituição, com informações sobre locais de votação e as perguntas mais comuns relacionadas ao pleito. O usuário também pode acessar notícias e informações checadas por agências como AFP, Lupa, Aos Fatos, Boatos.org, Comprova, E-Farsas, Estadão Verifica, Fato ou Fake e UOL Confere.
Projeto 7C0
O Twitter é o grande palco da política mundial, em que os atores políticos anunciam seus feitos, inflamam multidões virtuais, mandam e desmandam publicamente. Por essa razão, o perfil de cada representante eleito e suas postagens são como um acervo público à serviço da sociedade. O Projeto 7C0 é um bot que recupera tweets excluídos em perfis de atores políticos, no período em que eles exerceram cargos públicos.
Pegabot
“Um projeto para dar mais transparência ao uso dos bots no Brasil”. O pegabot analisa contas no Twitter e retorna ao usuário a probabilidade daquele perfil ser um robô ou não. O projeto é de autoria do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS Rio) e do Instituto Equidade & Tecnologia. Nos ajuda a deixar as discussões políticas apenas entre nós, seres humanos.