Paraolimpíadas: “É o que toda paratleta sonha“
Entre as melhores do mundo, atleta potiguar Alane Dantas, vislumbra Paraolimpíadas de Paris, em 2024
Por: Gabriel Gomes, Habyner Lima e Henrique Monte
Faltando menos de dois anos para os Jogos Paralímpicos de Paris, o sonho de todo paratleta não é diferente: quer estar lá. Para Alane Dantas, atleta da SADEF-RN, esse é o real objetivo, mas a história com o esporte começou de uma maneira muito surpreendente.
“Eu vinha de uma situação de sedentarismo, não praticava nenhum esporte, não me dava bem com nenhum esporte, nunca tinha praticado de forma competitiva. Por acaso, em 2019, eu estava na fila de uma loja para comprar uma roupa e uma pessoa me abordou e perguntou se eu conhecia a SADEF e me falou sobre o que o filho dela fazia na SADEF. E então fui procurar a SADEF e, a princípio, eu não entendi que era uma instituição de esporte de alto rendimento, achei que era um espaço de convívio da pessoa com deficiência e eu sentia falta desse espaço em Natal, eu procurei com esse intuito. Chegando lá, uma pessoa me falou sobre o halteres, que eu tinha um porte para o halteres, aí fiz o teste, levantei 50kg, treinei por um mês e já participei da primeira competição, ganhei medalha, já conquistei a chance de disputar o Brasileiro, fiquei entre os três melhores e ganhei minha primeira bolsa”, revelou a atleta.
Para manter o sonho vivo em Paris, a rotina de atleta, estudante e estagiária não pode parar. Alane Dantas contou sobre como funciona a sua semana de treinamentos e trabalho:
“(Treino) de segunda a sexta. Nas segundas, quartas e sextas, eu tenho treino específico de supino, e nas terças e quintas, são os treinos secundários, complementares. De manhã, eu faço o estágio de pós-graduação no Tribunal de Justiça, já formada em estatística pela UFRN, faço o mestrado em Engenharia de Produção na UF e treino no período da tarde”, contou Alane.
A história de Alane no esporte ainda é recente, mas a atleta se orgulha dos feitos na sua curta carreira:
“Iniciei a minha trajetória recente, comecei em 2019, em 2020 ficamos parados pela pandemia e retornamos em 2021. Sou a segunda melhor na minha categoria no Brasil, nas Américas sou a terceira melhor, e para Paris, estou em décimo lugar e os oito melhores do mundo vão para as Paralimpíadas. O título mais marcante foi o Open das Américas de Halterofilismo, em julho de 2022, era um regional das Américas com abertura para outros países e eu fiquei em terceiro lugar, o que me colocou no terceiro ranking das Américas e na disputa por Paris”, se orgulha Alane.
Precisando de duas posições no ranking mundial, a atleta potiguar contou sobre a sua estratégia para sonhar com vaga nas Paralimpíadas de Paris.
“Não tem muita coisa de diferente a se fazer, a minha meta é me manter abaixo do peso e na minha categoria eu só posso pesar até 86kg. E justamente por isso, em maio, eu estava na categoria acima e participei de uma competição em São Paulo com quase 95 kg. E eu recebi a notícia que era mais vantajoso estar na categoria de baixo que o comitê ia me inscrever para o regional das Américas. De maio pra julho, eu tive que perder peso e, inclusive, procurei uma nutricionista e bati 84,6 kg nos Estados Unidos em julho, perdendo 10kg em dois meses. Foi bem sofrido, difícil, o corpo e a força sente muito, porque você fica abalada se vai dar certo, quando você está acostumada com um peso X e não consegue levantar mais, que a perda de peso influenciou diretamente na sua força. O nervosismo é grande, mas a meta é melhorar no ranking mundial para continuar sendo convocada pelo comitê para as competições internacionais e buscar o caminho de Paris, é o que todo paratleta sonha em participar de uma paralimpíada”, disse Alane.