Rota dos Quilombos no Rio Grande do Norte

por , publicado em 26.out.22

O Município de Portalegre oferece o primeiro roteiro de afroturismo no Estado.

Por: Beatriz Rodrigues, Gilvanise Oliveira e Marília Gonçalves.

Pórtico de entrada de Portalegre. Foto: Marília Gonçalves.

A Rota dos Quilombos do município de Portalegre, região serrana do alto oeste potiguar, é uma grande aposta para a consolidação do afroturismo no Rio Grande do Norte, trazendo experiências afro-centradas que valorizam a história, a luta e os costumes dos povos negros.

Portalegre é uma das cidades mais antigas do Estado, sendo a terceira vila a ser fundada no RN. Embora seja procurada pelo seu clima ameno, principalmente em meados do ano, quando as temperaturas baixam e atraem turistas e visitantes em busca de frio no sertão, sua oferta turística compreende muito mais, com mirantes, cachoeiras, trilhas, casas de farinha e muita história para contar. O município possui a maior quantidade de comunidades remanescentes de quilombo do Estado, certificadas pela Fundação Palmares.

A rota, idealizada a partir da identificação das potencialidades das quatro comunidades quilombolas ali existentes, é fomentada pelo Sebrae RN para estruturação e divulgação do roteiro, que promete ao turista uma imersão única na história de um povo marcado pelo preconceito e resistência.

Mulheres da comunidade Pêga. Foto: Prefeitura de Portalegre/RN.
Reunião da Rota dos Quilombos. Foto: Prefeitura de Portalegre/RN.

Regina Rocha, Consultora do Sebrae, precursora da ideia, afirma que o turista, ao visitar as comunidades do Pêga, do Arrojado, do Sobrado ou de Lajes, encontrará diferentes características gastronômicas, culturais e religiosas, além da paisagem encantadora das trilhas.

Julliane Almeida, da agência de turismo Ecotur Nordeste, endossa a ideia e vê a diversificação dos produtos turísticos de Portalegre como um novo caminho para o destino, que tem enfrentado dificuldades com a atividade após o fechamento do maior equipamento hoteleiro que dispunha. A empresária acredita que além de gerar emprego e renda para a comunidade, um roteiro afrocentrado também tem um papel social e educativo “de ensinar, de reviver para entender o que aconteceu em nossa história, e não só não repetir como não propagar os mesmos erros e ideias que estimulam o racismo”.

Dona Daza do Sobrado. Foto: Marília Gonçalves

Dona Daza (Maria de Fátima Gomes), líder da comunidade Alto do Sobrado e da Associação Negros Felicianos do Alto, nome que homenageia os primeiros quilombolas a habitar a localidade, o casal Francelino José do Nascimento e Feliciana Maria da Conceição. A entidade possui um grupo de mulheres denominadas “Amélias” que trabalham com produção de peças de vestuário em uma fábrica de costura, com o objetivo de complementar a renda familiar, todas capacitadas para a atividade através de diversos cursos ofertados no município de Portalegre.

Estão sendo planejadas atividades de imersão e turismo de experiência em todas as quatro comunidades, embora algumas venham a ser lançadas primeiro, por já estarem mais estruturadas, como a comunidade do Pêga, que realiza a Feira de Terreiro e a dança de São Gonçalo; e a comunidade do Sobrado, com o empreendedorismo feminino e os acampamentos, que têm reunido pessoas de todo o Brasil e de países vizinhos em encontros periódicos.

A secretária de turismo de Portalegre, Aucely Costa, informa com entusiasmo que a equipe municipal tem buscado implementar a rota, que será um divisor de águas não só no turismo potiguar, mas na história das comunidades, fortalecendo a cultura do seu povo e o posicionamento do destino.

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