Fato ou fake? O fact-checking como alternativa de inserção no mercado de trabalho

por , publicado em 21.nov.22

Jornalista relata como programa de checagem de fatos contribuiu para carreira profissional

A checagem dos fatos é um dos meios utilizados pelos jornalistas para saber se os discursos presentes nos meios de comunicação são verídicos ou não. Por isso, com a diversidade de áreas presentes no jornalismo, o fact-checking ganha destaque nos últimos anos como algo confiável e um caminho inovador para a profissão. 

As primeiras agências de checagem começaram a surgir ainda na década passada e têm ganhado força com a chegada das redes sociais e de algo tão temido pelos comunicadores: as fake news. Com isso, como forma de aperfeiçoar o conhecimento e se dedicar a uma área que vem sendo conhecida aos poucos, alguns profissionais começam a ingressar nesse novo mercado para ter mais oportunidades.

A jornalista Liz Nóbrega tem 26 anos e conta que, em 2018, o interesse pelo fact-checking foi despertado durante o período eleitoral, quando o país estava passando por um processo eleitoral conturbado e com muita desinformação. O cenário, muito parecido com o de 2022, fez com que Liz se interessasse pela situação do jornalismo e de como combater a desinformação. “Foi o ano que eu prestei a seleção para o mestrado, então parti desse interesse para fazer meu projeto de pesquisa relacionado a checagem de fatos”, afirma.

Liz Nóbrega trabalha atualmente com combate à desinformação – Foto: Cedida

A partir desse ponto, a jornalista começou a se aprofundar no assunto. Além das pesquisas, um projeto de checagem da Agência Lupa fez com que Liz ficasse durante nove meses em treinamento, com cursos e aulas, sobre a veracidade dos fatos. 

Através da agência, a jornalista cobriu as eleições de 2020 em Natal, no Rio Grande do Norte. “Trabalhei nesse processo checando  as falas dos candidatos. Foi muito interessante  colocar tudo o que eu tinha estudado em um ano e meio de mestrado em prática”, conta. Com isso, Liz percebeu enquanto atuava no fact-checking as dificuldades de verificar as informações e de como encontrá-las. 

Liz relata que a experiência com a agência Lupa foi importante tanto profissionalmente quanto para o meio acadêmico, já que a dissertação de mestrado dela foi sobre a agência de checagem.

Em relação à inserção no mercado de trabalho, a checagem de fatos foi fundamental para Liz continuar atuando. “Não trabalho com fact-checking em si, e sim com desinformação em um contexto mais amplo. Mas de certa forma contribuiu para o trabalho que eu exerço hoje”, afirma a jornalista.

Crescimento das agências de checagem

Presente principalmente no âmbito político, iniciativas de fact-checking começaram a surgir em anos eleitorais, como em 2010 e 2014, mas tem o seu destaque durante as eleições de 2018. Ainda segundo Liz Nóbrega, esse crescimento se dá devido a necessidade de “verificar as declarações de agentes políticos”.

A agência Lupa foi fundada em 2015 – Foto: Divulgação

Além disso, a checagem das informações se torna necessária para verificar os boatos espalhados de maneira imediata pelas redes sociais, uma das responsáveis pela propagação da desinformação, e também pela polarização política. “As agências de checagem, os jornais, os jornalistas vão vendo a necessidade de atuar no jornalismo nesse sentido”, afirma.

Outro objetivo das agências é também buscar educar os consumidores de informação para que eles consigam verificar o que é verdade ou não e criar um espaço de debate mais sadio.