‘Onco celebridade’: Conheça Ana Patrícia Furtunato, que compartilha sua jornada com o Câncer de Mama nas redes sociais

por , publicado em 28.nov.22

“Foi uma segunda chance[…] Não tem como passar por experiência e não mudar

Como acontece há 14 anos, desde o ano de 2008, Outubro é o mês de campanha de conscientização sobre o Câncer de Mama, feito para alertar mulheres sobre a importância do diagnóstico precoce e sobre a prevenção.Embora tenhamos números alarmantes no Brasil, onde o Câncer de Mama é a  maior causa de mortes femininas em toda a região do Brasil – excluindo apenas a região Norte, onde o Câncer de Colo de Útero ocupa a posição – a conscientização sobre o assunto ainda não atinge todo o público alvo.

Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), a taxa de mortalidade por câncer de mama, ajustada pela população mundial, foi 11,84 óbitos/100.000 mulheres, em 2020, com as maiores taxas nas regiões Sudeste e Sul, com 12,64 e 12,79 óbitos/100.000 mulheres, respectivamente (INCA, 2022).

Representação espacial de mortalidade por Câncer de Mama no Brasil. Fonte: INCA, 2022.

 O mês que é dedicado ao debate dessa pauta ainda é carregado de tabu e desconhecimento por parte da população, o que dificulta o diagnóstico precoce na maioria dos casos. Segundo o INCA, estima-se que 35% dos casos são diagnosticados em fase avançada.

Oncologismo: uma experiência transformada em conhecimento

“Uma coisa é estarmos na mídia falando sobre a doença, entrevistando um mastologista. Outra coisa é viver”, explica Ana Patrícia Furtunato, Jornalista e Produtora da TV Tropical, diagnosticada com Câncer de Mama em 2017. Na época em que foi diagnosticada com o Câncer de Mama, aos 34 anos, a produtora criou um perfil no Instagram chamado “Oncologismos” (junção da palavra Oncologia e Neologismo), buscando compartilhar sua história e o conhecimento sobre a doença com outras mulheres. 

Ana Furtunato foi diagnosticada com Câncer de Mama em 2017, aos 34 anos. Foto: Arquivo pessoal.

 A iniciativa surgiu quando Ana percebeu a falta de conhecimento que ela tinha sobre o Câncer de Mama. “Foi quando eu virei paciente oncológica que eu senti essa falta. Como que a gente trabalha com comunicação e não tem tantas informações? As pessoas olham pra mim e dizem “aquela doença”, a “sua doença”. Por que não diz o nome da doença?”, comenta a Produtora. 

 Para Ana, ainda há a necessidade de uma conscientização de forma prática sobre o assunto por parte das empresas. “Tem muitas empresas que mudam o seu logotipo para o Rosa e usam o lacinho. Mas o que você está fazendo para cuidar das suas funcionárias? Liberem elas um dia para fazer exames. Façam palestras ensinando a realizar o autoexame”, afirma Ana. 

  Em conversa, ela afirma que recebeu apoio não só da sua família – onde sua mãe foi a pessoa mais importante da sua rede de apoio – como também da empresa que trabalhava na época, e que houve muita compreensão por parte de seus superiores, o que ela considera de extrema importância. “Óbvio que era um direito meu, mas eles me liberaram sem problema nenhum”, comenta ela. 

Durante o mês de Outubro, Ana realizou exposições no Natal Shopping para falar sobre o Câncer de Mama junto a um grupo oncológico. De acordo com a jornalista, essas ações conseguem expor o debate de forma mais prática e ativa.

  Em brincadeira, Ana Fortunato diz que se sente uma “Onco celebridade” no mês de Outubro, pois é sempre lembrada e chamada para conceder entrevistas ou palestras.  Segundo Ana, sua visão sobre o Outubro Rosa mudou após sua experiência no tratamento do Câncer de Mama. “Foi uma segunda chance[…] Não tem como passar por experiência e não mudar”, comenta ela.