Tendências Y2K em 2022: cinema e vida real em concordância
A moda dos anos 2000, no cinema, em Meninas Malvadas (2004), O Diabo Veste Prada (2006) e Gossip Girls (2007), é recriada nas lojas
É comum ouvir que, dentro do universo da moda, as tendências se reciclam e voltam de forma que é impossível ignorar ou ficar de fora. A adaptação das peças que foram populares em outras épocas conquista as grandes marcas e cria um tipo de efeito dominó, atinge a indústria e leva não somente às passarelas, mas também às ruas, o sentimento de nostalgia unido à busca pela inovação da moda atual.
Não foi diferente com o vestuário e os costumes dos anos 2000, ou a temática Y2K, como é também conhecida. Ela voltou com tudo e calças largas, cintura baixa, miçangas e salto plataforma se tornaram cada vez mais comuns de serem vistos nas ruas. Mas o tema vai muito além do vestuário, o conceito foi adaptado em filmes, festas, músicas e até clipes musicais.
Blumarine foi uma das marcas que recriou visuais dos anos 2000 na atualidade. As produções foram apresentadas na Milan Fashion Week, na coleção de primavera/verão 2022, e óculos coloridos, estampas da época, bandanas e jeans foram destaque nos looks produzidos pela marca. Além disso, o rosa nas roupas e cintos grandes também foram notáveis.
“Antigamente os estilistas olhavam para o passado como um período de 30 em 30 anos, esse olhar pro passado mais recorrente começou a acontecer agora, porque o calendário da moda, de uma forma geral, mudou e começou a ser sazonal”, conta Luana Queiroz, estudante de moda na Universidade Potiguar (UNP) e de Jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Ela explica a moda como um movimento que está sempre de acordo com os estilos de vida da sociedade. “O estilo de vida hodierno é muito mais corrido e a moda reflete isso”, adiciona.
A cada temporada uma tendência renasce e peças já vistas marcam presença, levando uma nova forma de comunicar nas passarelas. E, com o ritmo do consumo cada vez mais intenso, a comunicação de cada tendência também circula de modo mais acelerado. O que antes levava mais de uma década para retornar aos guarda-roupas, volta em menos de 12 meses.
Sulla Miranda, estilista do segmento jovem urbano e básico da Riachuelo, esclarece que, quando se fala sobre tendência, existe a divisão entre macro e microtendência. A primeira é identificada como aquela que passa grandes períodos sendo consumida. Já a micro tem uma vida de menor tempo, mas também é importante no cenário. Sulla explica, ainda, sobre modismo, termo que caracteriza algo menor que tendência e que tem seu consumo em um período ainda mais curto.
“Eu acredito muito que a moda se reinventa porque ela pega releituras do que já aconteceu, do que foi marcante na história, e os designers fazem uma nova releitura de acordo com a linguagem que estamos vivendo nos dias atuais”, relata. As releituras e adaptações são realizadas a partir de pesquisas e análises sobre as próximas tendências, observadas de acordo com o comportamento dos consumidores, explica Sulla.
Uma viagem no tempo e no cinema
“Os anos 2000 é quase uma segunda realidade”, é o que defende Luana Queiroz. O vestuário característico da época entrou em cena repaginado, mas ainda fiel ao que era antes. Não é difícil encontrar nas ruas roupas em um formato mais popular daquilo que apareceu nas passarelas: as minissaias, slip dress, lenços e bandanas e roupas com cores vibrantes são só algumas das tendências que renasceram.
A nostalgia foi relevante na influência dos anos 2000 hoje: o sentimento foi um dos pontos de partida para a atuação das produções cinematográficas na renovação de tendências atualmente. “A maior tendência que voltou desses anos foi a sensação de estar e pertencer aos 90 e 2000. A questão do comportamento, da gente voltar para aquela vivência, as músicas”, afirma Sulla.
A nostalgia foi relevante na influência dos anos 2000 hoje: o sentimento foi um dos pontos de partida para a atuação das produções cinematográficas na renovação de tendências atualmente. “A maior tendência que voltou desses anos foi a sensação de estar e pertencer aos 90 e 2000. A questão do comportamento, da gente voltar para aquela vivência”, afirma Sulla.
Gossip Girl, série de 2007, tem o vestuário dos personagens como um de seus pontos fortes. Tiaras, meias-calças coloridas e gravatas fazem parte das vestimentas da protagonista Blair Waldorf, cujo visual incentivou o uso desses acessórios pelo público e, hoje, retornaram aos guarda-roupas. Em 2021, a série ganhou um reboot e o figurino também foi um dos pontos notáveis, possuindo referências às roupas da sua primeira versão.
Mas Sex and the City rouba a cena quando se fala em moda dos anos 2000, a série foi responsável pela comunicação de tendências que até hoje estão em cena. O animal print teve foco como símbolo de independência, personalidade forte e vivacidade e foi tendência na época. Nos dias atuais, o animal print continua com os mesmos conceitos e o alto consumo.
Outra vestimenta presente na série foi o slip dress, vestidos que se assemelham às camisolas femininas e nunca deixaram de ser consumidos. No entanto, a tendência da série vai além das vestimentas: as bolsas Fendi Baguette e os sapatos Manolo Blahnik também foram inseridos na vida cotidiana, principalmente no ambiente urbano nova-iorquino.
Outras produções do cinema que foram igualmente notáveis são O Diabo Veste Prada (2006), citado por Sulla Miranda como marcante e realista sobre a rotina de profissionais da área. O filme teve o figurino elaborado por Patricia Field, que também montou os looks de Sex and the City (1998). Meninas Malvadas (2004) e As Patricinhas de Beverly Hills (1995) são, para Luana Queiroz, os que mais marcaram a geração ao dar ênfase no uso do rosa, xadrez e roupas e bolsas de comprimento mini. Hoje, produções como Do Revenge (2022) realizam releituras do mesmo estilo preppy dos anos 2000, mas trazendo o mesmo colorido da época, mas adaptado em tons pastéis.