Torcedores do ABC e América comemoram êxitos de 2022 e projetam os planos para 2023
2022 marca a história dos rivais potiguares, que subiram de divisão e foram finalistas no Campeonato Brasileiro; Mecão levantou a taça
Por Naomi Lamarck, Yasmim Lima, Zidney Marinho
No quesito futebol, o Rio Grande do Norte está em lua de mel com seus principais representantes no Campeonato Brasileiro em 2022. Na Série D, o América, além de conquistar o tão sonhado acesso após seis temporadas, foi o grande campeão da competição. Uma divisão acima, na Série C, o ABC ascendeu à Série B, avançou à final, mas acabou ficando com o vice-campeonato.
Em cenário até então inédito, ABC e América (clubes do mesmo estado) protagonizaram finais das Séries C e D na mesma temporada, demonstrando o relevante peso da tradição potiguar no futebol brasileiro. O fator casa foi elemento fundamental nas campanhas dos rivais: no Frasqueirão, o Alvinegro não perdeu nenhum jogo; o Alvirrubro perdeu apenas uma vez na Arena das Dunas.
Com o calendário apertado por causa da Copa do Mundo, as gloriosas trajetórias do ABC e do América tiveram início na metade de abril, logo após a final do Campeonato Potiguar, vencida pelo Mais Querido contra o Mecão.
Confira abaixo os números das brilhantes campanhas dos dois clubes no Campeonato Brasileiro.
Entrevistamos dois notórios torcedores da dupla, abordando o sucesso dos clubes em 2022 e as impressões acerca da temporada que se aproxima. João Victor Rodrigues, professor, é assíduo torcedor do América. Além de ter acompanhado o América em todos os jogos disputados na Arena das Dunas, João viajou para Minas Gerais, onde viu de perto o Mecão levantar a taça de campeão brasileiro.
Do lado abecedista, o entrevistado foi Marcelo Petrovich, estudante de administração e influencer alvinegro, que conquistou a torcida devido ao seu jeito irreverente e intenso de torcer. Marcelo acumula quase 12 mil seguidores no Instagram.
Jormais (J+): Em uma única palavra, como você resume 2022?
João Victor: Superação.
Marcelo Petrovich: Surpreendente.
J+: No começo da temporada, você estava confiante no acesso?
João Victor: No estadual, sim. Nos confrontos contra o ABC, que estava uma divisão acima, a gente se comportou muito bem e isso era bom para um time que estava se montando para a Série D. Quando chegou na Série D, eu acho que o torcedor já ficou meio desacreditado. Acredito que esse foi o pensamento de 90% da torcida.
Marcelo Petrovich: Como torcedor, sempre estive confiante. Essa confiança aumentou após a final do estadual, com o título, e a boa estreia fora de casa, com um 3 x 1 contra o Ferroviário.
J+: Qual jogo você trata como a virada de chave de seu time para o acesso?
João Victor: Não consigo citar apenas um jogo, mas dois. O América 8 x 0 Crato, por mais que o Crato tenha sido o time mais frágil do grupo, aquela goleada foi boa para trazer a torcida. Esse jogo serviu para dar confiança a alguns atletas, como Iago, que foi um jogador totalmente decisivo nos jogos do América, junto com Wallace Pernambucano e Téssio. Além desse jogo, eu acho que o mais importante de todos foi Sousa 1 x 2 América, na última rodada da primeira fase. Viramos no segundo tempo, sabemos que o acesso não é definido pelo que acontece na primeira fase, e acredito que ali o time viu que tinha potencial de jogar da melhor forma possível e subir. Coloco 90% da nossa virada de chave nesse jogo.
Marcelo Petrovich: Eu sei que é para citar somente um, mas, para mim, não tem como não citar esses dois jogos: o primeiro é ABC 3 x 2 São José, uma virada em casa, em que estávamos perdendo por 2 x 1 e já estava com aquele sentimento de derrota, que é difícil de acreditar, pois correríamos risco de nem classificar para a segunda fase. De forma surpreendente, conseguimos a virada com gol no final. O outro é Paysandu 0 x 1 ABC, na Curuzu, já no quadrangular do acesso. Sabemos da dificuldade que é enfrentar o Paysandu lá, que nunca foi fácil, e fizemos um jogo em que não fomos superiores. Chegamos uma vez e Deus abençoou com o gol de Lucas Douglas, um herói improvável.
J+: Como você vê o seu time na temporada 2023?
João Victor: Em relação a jogadores, o América tem que ser pontual, de forma mais certeira do que fomos nessa temporada 2022. Não acredito que seja o momento de resgatar jogadores, como foi falado sobre o Rodrigo Pimpão, por exemplo. Acho que é um momento de renovação, iniciada pelo presidente Souza, e que essa renovação possa se expandir. A gente sabe que é difícil botar 20 ou 10 mil no estadual, mas que a gente tente pelo menos ter uma média acima em relação aos últimos anos. A minha expectativa para 2023 é essa: que a torcida chegue junto, participe e que o time corresponda em campo.
Marcelo Petrovich: Analisando hoje, eu já ficaria satisfeito com a permanência, mas, claro, se o ABC brigar pelo acesso durante o campeonato e terminar em 5º, não vou ficar feliz. Quanto à Copa do Nordeste, acredito que temos condições de montar um time interessante e capaz de se classificar da primeira fase. No Estadual, com toda humildade, temos de buscar o título, pelo patamar que estamos. Com todo respeito ao América, ao Globo, a todas as equipes, o ABC, pelo momento que vive, tem que entrar no estadual para ser campeão. A Copa do Brasil é uma competição que visamos mais a questão financeira, o lucro. Apesar da minha paixão exacerbada, dizer que o ABC vai ser campeão da Copa do Brasil é um pouco demais. Quem sabe não conseguimos chegar às quartas, como já fizemos em 2014?
J+: Em uma única palavra, como você projeta 2023?
João Victor: Força. É o ano de mostrar o tamanho do clube que realmente foi e é o América. Acho que vai ser um momento de mostrar o peso do clube.
Marcelo Petrovich: Confiança.
ABC e América começam os treinamentos de pré-temporada já em novembro. A previsão é de que o Campeonato Potiguar tenha início logo na primeira semana de janeiro, no dia 4. O América, porém, não poderá estrear neste dia por causa da disputa da Pré-Copa do Nordeste.